Conhecimento
Curiosidade. Processo. Caminho. Tentativa-erro. Relação. Conhecer é uma acção, um movimento que se deve estabelecer do eu para o outro, para o mundo. Do outro lado, o que existe é tão vasto que aquilo que cada um consegue abarcar (outro modo de referir o que se conhece) é sempre minúsculo.

O conhecimento, estado que resulta da curiosidade e da sua consequente acção a caminho do mundo, é transitório, incompleto. E o processo é o contínuo que exige de cada um de nós. Desafiante, exasperante, cansativo, exigente, cada acção constituinte do conhecer tem o sabor de um primeiro passo, com as inúmeras possibilidades de queda.

Como qualquer caminho que se trilha pela primeira vez, depende do instante de reconhecimento do desconhecido, do motor que a curiosidade constitui (o que ou quem há ali, o que pensa, como funciona, o que significa, como posso lá chegar?) do que vamos encontrando, dos obstáculos ou marés de feição, e de com quem vamos partilhando o itinerário.

Kant ensinou-nos que conhecemos através dos sentidos e que esses dados da experiência são sintetizados pela razão (hoje, diríamos pelo cérebro). A ciência cognitiva confirmou-o. Mas há um lado importante que também nos foi lembrado pelo filósofo Husserl: conhecemos (mais) graças aos outros. Num mundo em que vivêssemos isolados (além de não conseguirmos realmente sobreviver) não aprenderíamos.

O conhecimento é um dos maiores horizontes da ágora, o lugar central do espaço público, aquele que partilhamos com todos. É no diálogo com os outros que descobrimos o nosso lugar. Aprender o nosso lugar é também perceber que o conhecimento não é uma paragem, mas um trajecto, um horizonte (como tal, sempre inatingível), e que o nosso lugar nunca é estático, mas sempre dinâmico.

E que a dúvida e o erro integram esse processo, como peneiras fundamentais que nos permitem distinguir o trigo do joio e prosseguir a jornada.

Criações Gráficas
Memória Descritiva de Delfim Ruas
Três ilustrações digitais, onde procuro a relação da representação da figura humana com formas arquitetónicas fora do seu contexto natural. Usando o branco como espaço negativo e contendo a ação ou a cor aos espaços que estariam na realidade vazios.